Sunday, April 20, 2008

Apartamento 124

Amigos virtuais todos temos, mas poucos são aqueles que saem da tela do computador para um encontro na vida real. Mas ele foi um caso diferente. Encontro ao acaso numa sala de bate-papo tarde da noite, quando a grande maioria da sala desconectou terminamos por trocar e-mails. No dia seguinte ele escreve dizendo que queria conversar mais comigo e que se eu quisesse continuar a conversa bastava adicioná-lo no msn. Adicionei.

Numa tarde chuvosa acabamos conversando por horas. Primeiro o básico, depois a conversa foi ficando mais interessante, pontuada por pequenas provocações que eu fui aceitando e colaborando, peguei e mandei uma foto minha de calcinha e sutiã, quando ele perguntou como que eu gostava de dormir. "Pena que não estou te vendo" foi a reposta. Respondi que não ver era melhor, que podíamos imaginar tudo. E assim ficamos por várias semanas, nas quais o email e o msn se transformaram em telefonemas. Fazíamos sexo por telefone, através de fotos e mais nada. Era uma boa forma de desafogar as magoas sem se envolver, mas faltava algo, eu queria sentir aquelas mãos que eu imaginava me tocando de verdade, ao mesmo tempo não queria perder a anonimidade que fazia a história tão interessante.

Propus que nos encontrássemos, mas tinha uma condição, que não nos pudéssemos ver. O silencio do outro lado da linhas era desconcertante. Eu tinha que estragar tudo, pensei. Ele disse que a idéia era interessante, então sugeri um motel no outro lado da cidade só por se acaso, mas ele disse que um amigo estava viajando e que poderíamos usar aquele apartamento. Eu só podia ter perdido a razão...não havia outra explicação, como que eu ia aceitar encontrar-me com um desconhecido na casa de um outro desconhecido, mas o perigo, a incerteza, a curiosidade tomaram conta de mim.

"Rua Monte Alegre 835, Apartamento 124, 19hs" era tudo que dizia a msg de texto. Cheguei, era um flat, na porta do elevador contei até 100 e entrei, cada andar que passava, pensei em dar meia volta e ir embora, mas ao mesmo tempo ia ficando mais e mais excitada. Eu sentia meu corpo cedendo, esquentando, minhas pernas tremiam. A porta do elevador se abriu, hesitei outra vez mas continuei, na porta do apartamento um envelope estava grudado na porta, minha inicial escrita a mão e "abra antes de entrar". Apaguei todas as luzes, na verdade tirei todas as lâmpadas, não queria estragar a chance, então deixei uma vela na porta do quarto para te guiar. P.S. a porta está aberta"

Louca, eu só podia estar louca, como que eu ia entrar? ele ia me atacar, me agredir, só deus sabe o que mais. Molhada, mais eu pensava no que podia dar errado, mas molhada eu ficava, mais eu queria correr para dentro daquele apartamento. Tomei coragem, e abri a porta, conforme prometido estava tudo apagado e apenas via uma vela à distância. Caminhei até ela com cuidado, tateando meu caminho. Na porta outro papel "Roupas ficam do lado de fora". Não me contive e disse "Ah e quem disse que isso era parte do plano!", e ouvi a voz dele respondendo "Não era?". Soltei uma gargalhada, e pela primeira vez tive certeza que não era tão louca.

Tirei a roupa, soltei os cabelos e entrei.

Thursday, April 17, 2008

Medo de que?

de desejar e não saber como ter
de experimentar e gostar
de saber e não expressar
de ter querer e não poder

Wednesday, April 09, 2008

pensando bem...

Ficou dificil
Tudo aquilo,nada disso
Sobrou o meu velho vicio de sonhar
Pular de precipicio em precipicio, ossos do oficio
Pagar para ver o invisivel e depois enxergar
Que uma pena, mas voce nao vale a pena
Nao vale uma fisgada dessa dor
Nao cabe como rima de um poema, de tao pequeno
Mas vai e vem e me envenena e me condena ao rancor
De repente cai o nivel e eu me sinto uma imbecil
Repetindo, repetindo, repetindo como num disco riscado
O velho texto batido dos amantes mal amados
Dos amores mal vividos
E o terror de ser deixada
Vou tocando, relembrando, reabrindo a mesma velha ferida
E para nao ter uma recaida que nao me deixo esquecer
Que uma pena, mas voce nao vale a pena